20061209

As vozes dilaceradas pelo abismo
Sonhos vociferados, prematuramente
Num tempo, como uma constante.
Um boneco articulado que não mente
E muito menos sente a demora
Precipitando-se em nossas mãos.
Um espaço inocular que projecta
ondas fálicas verdes sonantes
Num júbilo, num susto que simplesmente
recai em nossa voz.
São vozes vaciladas
mortas, de natural esquecidas.
São sombras mal traçadas dentro do próprio som.
Um momento terrivelmente só.
Tão só quanto insolitamente vulgo.
Quanto epistemologicamente julga existir.
São mais as vozes,
aqui soltas graves e provocadoramente a despertar
num olhar que navega a sombra
e a faz perder, no meio da multidão.
Jaz, jamais, a inevitável dúvida de assombro
num espaço que já não se tem
e já não se perde
porque não se quer pertencer.
São tórridas frias soltas as vozes,
ecoam em uníssono essa paz distante
onde o tempo é uma constante
e se espera procriar algo da mesma cor de seu nome.
Pálida, sorri como se fosse madrugada
e num esperto reflexo debita sua ânsia.
Aqui, onde já prolixamente o odor vocifera a léguas
onde a interminável busca ciranda,
é o corte verde palma que escuta seu gesto
e num arrepio gélido, como se fora um nome
sua tenra voz prolifera a demanda dissipada.
Neste aqui, verde seguro estável
encontra o tempo derramável brando
se um dia partir e assim fôr.
Daqui.

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